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O panorama da educação financeira do País, na visão da superintendente da AEF-Brasil

A Educação Financeira é uma das grandes bandeiras do cooperativismo financeiro. Cooperativas de Crédito de todo o Brasil tem criado ações e se engajado em iniciativas que ajudam a difundir a importância de aprender a lidar melhor com o dinheiro. Porém, ainda temos muito a avançar nesse sentido no país. E para possibilitar esta maior autonomia financeira a toda a população brasileira, as cooperativas têm como importante aliada a Associação de Educação Financeira do Brasil – AEF Brasil, que vem realizando uma série de programas e projetos com o objetivo de transformar o País em uma nação financeiramente educada.  

Superintendente da AEF-Brasil, Claudia Forte assinala que a entidade sempre trabalhou com o objetivo de mudar a vida das pessoas por meio da Educação Financeira e, para isso, focou em dois públicos que não estão no radar de outras instituições ou empresas: a escola pública e os adultos em vulnerabilidade social. “Sempre acreditamos que as mudanças em relação à vida financeira dos brasileiros começam nas escolas, mas sem esquecer dos aposentados de baixa renda e das mulheres beneficiárias do Bolsa Família”, frisa. 

Na entrevista a seguir, concedida com exclusividade à Confebras, Claudia apresenta um panorama atual da Educação Financeira no Brasil, com destaque para a recente inclusão deste tema na Base Nacional Comum Curricular, a BNCC, e os resultados de uma pesquisa lançada na Semana ENEF de 2020. A superintendente ainda comenta sobre projetos e eventos da AEF-Brasil previstos para este ano e fala sobre a importante contribuição que o setor cooperativista tem na disseminação da Educação Financeira. Ao final, faz uma reflexão sobre os aprendizados da Associação neste desafiador ano de 2021.  

Como está atualmente o panorama da Educação Financeira no Brasil? 
Em julho do ano passado foi estabelecido novo decreto que altera a governança do assunto em âmbito de governo. Agora a composição é apenas entre os estados, não havendo mais assento para a sociedade civil. A pesquisa que lançamos na Semana ENEF nos reforçou a importância da educação financeira e mostra que o hábito de falar sobre dinheiro e endividamento ainda precisa ser popularizado no País e que o acesso à formação sobre o tema gera resultados importantes. Os dados foram compilados após a aplicação de três projetos da AEF-Brasil: Projeto Itinerante, em parceria com a Serasa Consumidor e a Serasa Experian; o Projeto Renova, uma parceria com a Fundação Renova; e o Projeto Polos Municipais, iniciativa que a AEF-Brasil realiza em municípios brasileiros. 

Quais os dados mais importantes apresentados nessa pesquisa?
O levantamento apontou que 62% dos pais acreditam na importância de abordar Educação Financeira em sala de aula. Durante o período da aplicação dos projetos em 2019, um total de 82 municípios foram impactados (18 Estados mais o Distrito Federal), 2.820 professores foram capacitados e estiveram envolvidos 153.480 alunos e 6.742 pais/responsáveis. Além disso, a pesquisa aplicada com os alunos mostra que 49,2% participam do orçamento doméstico, economizando nos gastos pessoais, contra 11,9% que já possuem renda e pagam algumas despesas da família. Outros dados indicam que a Educação Financeira ainda precisa ser popularizada dentro das casas, no diálogo familiar, já que 41,6% dos alunos afirmaram que nunca conversam com os pais sobre dívidas em atraso, contra 35% que informaram falar com os pais sobre contas de consumo. A Educação Financeira nas escolas impacta toda a sociedade. O aluno leva o que aprendeu para casa e passa a usar os princípios com toda a família. Ao impactar o aluno, impactamos toda uma sociedade ao redor. 

Na sua visão, de que forma o Cooperativismo de Crédito pode ser um aliado para expandir a Educação Financeira junto a vários públicos?
O cooperativismo apresenta-se como grande potência transformadora, pois além da promoção de ações com a realização de projetos em rede, a capilaridade do sistema é um ponto muito favorável para que o tema da Educação Financeira seja levado a todos os cooperados e aos sistemas de educação próprios das cooperativas. O engajamento e senso de coletivo são determinantes para promover inclusão de forma cidadã, e essas são duas características muito fortes do setor cooperativista. 

Quais os programas/projetos da AEF-Brasil estão previstos para 2021? Há alguma alteração na programação devido à pandemia?
Faremos o lançamento da segunda versão do livro “10 anos da Estratégia Nacional de Educação Financeira do Brasil, em inglês e espanhol, além de integrar à obra um novo capítulo sobre Psicologia Econômica e Educação Financeira. Toda a nossa atuação é in loco e dependemos das orientações do MEC e Secretarias de Educação. Nesse momento, há dois cursos de formação à distância para professores, disponíveis na plataforma www.vidaedinheiro.gov.br e no site www.aefbrasil.org.br. Até que tenhamos novas diretrizes sanitárias e das autoridades de Educação, não podemos retomar nossas ações presenciais. 

A AEF está prevendo algum evento especial para este ano?
A participação da AEF-Brasil é muito ativa junto aos quatro Estados que compõem os polos de Educação Financeira: Tocantins, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba. Ao longo do ano, juntamente com as universidades federais dos Estados e as secretarias estaduais, nos envolveremos em diversas ações como capacitações, divulgação, entre outros. Além da participação na 7ª Semana ENEF e na Global Money Week. 

Falando na Semana ENEF, como foi a participação da Associação na edição de 2020 e qual a avaliação dos resultados? 
Mais um ano que tivemos uma participação muito importante na Semana ENEF. Lançamos o livro Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) – Em busca de um Brasil melhor, sobre os 10 anos de ENEF, que traz os marcos regulatórios e as boas práticas da rede de Educação Financeira, projeto desenvolvido e executado pela AEF-Brasil em parceria com as Universidades Federais de Itajubá (MG), Fronteira do Sul (RS), Tocantins e Paraíba e as respectivas Secretarias de Educação daqueles Estados. Participamos de uma Live da Febraban, que contou com a participação de diversos jornalistas e veículos de imprensa. Também realizamos um evento online com a professora doutora Vera Rita de Mello Ferreira, a maior autoridade do Brasil em Psicologia Econômica e com os autores do livro. Lançamos uma pesquisa sobre o cenário da Educação Financeira no Brasil e participamos de vários eventos como entidade convidada – junto à Associação Brasileira de Bancos (ABBC) e à Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros.  A Semana ENEF é importante porque fomenta a divulgação de inúmeras iniciativas gratuitas e aproxima o público do tema e de todas suas possibilidades de impacto na vida dos diferentes públicos.  

Com o retorno às aulas, como será a atuação da AEF nas escolas? Quais os programas de Educação Financeira que estão inseridos no currículo escolar? 
A definição das ações que serão inseridas no projeto pedagógico é de cada secretaria de Estado/Município. O que aconteceu com a temática da Educação Financeira é que ela foi inserida na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), como tema transversal e integrador. Essa foi uma grande vitória para a comunidade escolar brasileira, pois o tema está presente no documento norteador mais importante da educação. 

Uma das frentes da AEF é a atuação junto a adultos vulneráveis. Como a associação pretende levar Educação Financeira a este público em 2021? 
As tecnologias sociais produzidas pela AEF-Brasil já estão disponíveis aos Ministérios responsáveis por atender à população adulta vulnerável, por exemplo, o Ministério do Desenvolvimento Social aplicou as tecnologias por meio do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) para cerca de 200 mil famílias. Nosso papel é desenvolver, testar e produzir as tecnologias sociais e disponibilizá-las às instituições que têm poder e força de capilaridade. 

O que o ano de 2020 trouxe de aprendizado para a AEF-Brasil? 
Aprendemos a produzir à distância, a nos voltar para dentro e restabelecermos conexões e a promover uma reestruturação estratégica. Na ponta, com a atuação direta com os professores, corroboramos o que já sabíamos como fruto da nossa trajetória: mais uma vez os professores foram jogados num cenário sem preparo nenhum e foram cobrados da mesma maneira. Aprendemos que os professores também usam capas de heróis e de heroínas. 

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