Artigo de Ênio Meinen, Diretor de Coordenação Sistêmica e Relações Institucionais do Sicoob
O objetivo da sustentabilidade financeira é semelhante ao da preservação de valor a longo prazo: sempre orientado para o futuro. Além disso, as normas para os relatórios sustentáveis têm fornecido uma abordagem complementar para capturarmos o que é, de fato, a sustentabilidade no âmbito das finanças. Inicialmente, as referências do Global Reporting Initiative (GRI) são importantes para um entendimento a respeito do tema, guiando alguns padrões básicos de atividades nas empresas. De maneira geral, propõem-se regras em sete áreas para a sustentabilidade econômica, que correspondem às normas de sustentabilidade ambiental e também social. E esse é um princípio básico da atuação do Sicoob.
A medição da sustentabilidade financeira, em particular, é essencial na “gestão de risco orientada para a decisão”, uma vez que esse critério empresarial exige que mudanças na exposição ao risco resultantes de uma “decisão empresarial” sejam previamente identificadas. A paridade de gênero das regras salariais e anticorrupção, por exemplo, constituem áreas temáticas de sustentabilidade econômica que afetam a sustentabilidade financeira. No entanto, a sustentabilidade financeira, em si, envolve, principalmente, a manutenção ou o aumento de um valor financeiro.
As cooperativas contribuem para a criação de um ambiente propício e socialmente sustentável, fechando a lacuna comercial entre o mundo desenvolvido e o mundo em desenvolvimento. Além disso, estabilizam os sistemas financeiros durante crises e fornecem a base para o aprofundamento financeiro em torno das comunidades. Assim, em convergência com o propósito do Sicoob, o controle democrático e na propriedade conjunta, têm ampliado o acesso à justiça financeira em todo o País.
Em termos globais, as cooperativas financeiras são capazes de fornecer alguns dos melhores meios para o aprofundamento financeiro sustentável, além da base para outros tipos de atividades de desenvolvimento no mundo inteiro. Tais meios permitem a seus membros economizar e obter empréstimos, desenvolvendo os próprios negócios. Além disso, as cooperativas oferecem diversos serviços que contribuem para promover a estabilidade financeira.
As metas baseiam-se em previsões que indicam a provável direção que o mundo tomará para tornar realidade o desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, o Sicoob já contribui para a redução da pobreza de diversas formas: identificamos oportunidades econômicas para os cooperados; capacitamos os que mais precisam em defesa de seus interesses e proporcionamos segurança financeira, fomentando a conversão dos riscos individuais em riscos coletivos e mediando o acesso dos membros aos ativos que eles utilizam para ganhar a vida.
As cooperativas têm contribuído para a igualdade de gênero, não apenas aumentando a participação feminina, mas expandindo as oportunidades para mulheres nas economias e sociedades locais. Apoiamos o acesso a uma educação de qualidade e a oportunidades de aprendizagem durante toda a vida, fornecendo meios para financiar a educação; apoiando escolas; estabelecendo projetos de qualificação, tanto para jovens quanto para adultos e servindo como centro de aprendizagem ao longo da vida.
Promovemos a segurança alimentar, ajudando pequenos agricultores, pescadores, pecuaristas, proprietários de florestas e outros produtores a resolver os desafios diários enfrentados na produção de alimentos. De fato, as cooperativas desempenham um papel significativo na criação de empregos e geração de renda, com cerca de 280 milhões de empregados em todo o mundo no somatório dos ramos.
Segundo pesquisa realizada por uma das principais consultorias brasileiras de branding especializada e reconhecida no mercado por conduzir projetos de alta complexidade, que estabelece um processo de análise para melhor posicionamento estratégico de marcas, foi constatado que as cooperativas são mais resilientes e têm melhor desempenho durante crises financeiras e econômicas. Enquanto as cooperativas estão liderando a gestão sustentável dos recursos naturais para a posteridade, o seu modelo de governança pode fornecer a estrutura para processos participativos equitativos que garantam transparência e responsabilidade, como no caso do Sicoob, que coopera com as comunidades, governos, empresas e outras partes interessadas em ampliar a adesão a um modelo de desenvolvimento financeiro sustentável.
No rescaldo de conflitos violentos em todo o mundo, as cooperativas têm surgido frequentemente como fontes de “capital social positivo”, fomentando um forte senso de comunidade, participação, empoderamento e inclusão entre seus membros, e restabelecendo as relações interpessoais e a paz. As cooperativas de mulheres têm sido especialmente ativas como mediadoras nesse processo.
Por fim, as cooperativas também contribuem para criar uma mentalidade global favorável à sustentabilidade, aproximando comercialmente o mundo desenvolvido e aquele ainda em desenvolvimento; estabilizando sistemas financeiros durante crises e fornecendo a base para o aprofundamento financeiro de norte a sul.
