Por César Saut, Vice-Presidente Corporativo da Icatu Seguros e Presidente da Rio Grande Seguros e Previdência
No começo de maio, o Rio Grande do Sul enfrentou uma das maiores tragédias de sua história: enchentes que devastaram vidas e a infraestrutura do Estado. Como dizia Emil Gumbel: “O impossível é que o improvável nunca aconteça”. E o improvável se mostrou possível e, quase que implacável.
Como muitos gaúchos, alterei minha rotina para cooperar com a sociedade civil, setor privado, poder público e forças de segurança. Como milhares contribuí como pude, acolhendo pessoas, mobilizando recursos e buscando parcerias.
Durante essa jornada, observei a diversidade entre os afetados, incluindo muitos povos de diversas etnias. Em algum momento acolhi vários venezuelanos que, em busca de um novo lar, como todos que estavam no Sul, agora enfrentavam uma outra tragédia. Ao fim de cada dia, lembrava que tinha visto milhares tentando ajudar a centenas de milhares de necessitados, reforçando a ideia de que somos mais iguais do que percebemos, independentemente de nacionalidade, origem ou classe social.
Vi amigos, colegas de trabalho, parceiros da Icatu Seguros e da Rio Grande Seguros ajudando ou sendo ajudados. Todos fragilizados pelo improvável que se manifestou com uma força surpreendente.
Hoje, enquanto as águas recuam, me sinto machucado, mas mais consciente do poder transformador da solidariedade e empatia. Pessoas, famílias e comunidades buscam se reerguer, reconstruindo não apenas casas, mas suas histórias e vidas.
A solidariedade, manifestada por meio de doações, apoio logístico e esforços conjuntos, foi essencial. A empatia mostrou-se vital, com muitos se colocando no lugar do outro. Vi pessoas chorando e sorrindo juntas, compartilhando a dor e a esperança.
Entendi a importância das complementaridades. Vi empresários e pessoas simples unidas por um mesmo propósito: transformar desesperança em esperança, às vezes em minutos, pela intervenção empática de alguém, que saiu de sua zona de conforto e se colocou no lugar do próximo.
Muitos gestos e imagens marcaram minha história, destacando o poder transformador da empatia e da coletividade. Quem tinha recursos doou, quem tinha equipamentos emprestou, quem tinha força física ajudou. Mesmo aqueles sem recursos participaram, oferecendo solidariedade. Como uma senhora disse: “Estou orando por todos vocês socorristas e para que a normalidade se restabeleça.”
Embora muitos achem que o que o Rio Grande do Sul viveu é passado, não é. As águas abalaram a infraestrutura do Estado e a felicidade do povo. Mesmo com ajuda de gaúchos de coração de todo o País e do mundo, ainda estamos longe de sair da calamidade.
Todos os dias, ao tentar retomar a normalidade, percebo que minhas histórias são pequenas diante do todo. Cada pessoa no Rio Grande do Sul carrega uma ferida aberta, seja própria ou de alguém próximo. Ao mesmo tempo, lembro do povo brasileiro ajudando o próprio povo, com inúmeros heróis anônimos trazendo ânimo ao Sul. As águas podem ter afetado o passado e prejudicado o presente, mas não abalarão a força e determinação do povo que está no Estado do Rio Grande do Sul.
Vamos nos levantar, e se isso será rápido ou não, se sairemos menores ou mais fortes, dependerá de nós – pessoas, famílias, sociedades e governos. Da nossa postura frente à situação, da nossa fé, determinação e intensidade.
Por isso, peço que continuem torcendo por nós e pelo Estado. Façam-se presentes, de perto ou de longe. Se antes consumir um produto gaúcho era uma opção, hoje é uma maneira de nos dar ferramentas para ajudarmos uma sociedade a se reerguer com dignidade. Nosso objetivo é voltar a ser um dos agentes de desenvolvimento econômico do País, contribuindo com o progresso da nação.
A Icatu, além de ações para colaboradores, clientes, corretores e parceiros da região, doou recursos, para si significativos, alocou esforços e mobilizou parceiros. Sensibilizou suas redes de relacionamento para que fizessem doações e transferiu um de nossos principais eventos anuais de Londres para Gramado, visando fortalecer a economia local e auxiliar na retomada da normalidade. Este é o compromisso de nosso grupo empresarial e de nossa seguradora 100% brasileira, praticando a empatia como uma seguradora de pessoas, mas mais do que isto, como uma empresa brasileira, que é feita para brasileiros.
Finalizo reforçando que tanto a empatia quanto a solidariedade são ações que traduzem nosso compromisso de cuidar uns dos outros, dando esperança aos homens, e quando se apresentam na proporção que vi, na própria humanidade. Tenho certeza de que vamos continuar avançando, lado a lado com o Brasil, rumo a um futuro mais resiliente, próspero e feliz.
Tenham certeza, o Rio Grande do Sul está vivo, mas ainda precisa de todos nós.